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O mundo do drift ilegal na Arábia Saudita: Tafheet ou hajwalah

Já deves ter envontrado pela internet e redes sociais vídeos de "drift" em vias públicas do Médio Oriente. Normalmente os carros são sedãs grandes e relativamente caros, mas às vezes SUVs de luxo, pick-ups, poucas vezes são vistos desportivos. Os Sauditas conduzem de forma extremamente perigosa, provocando saídas de traseira a alta velocidade e às vezes são vistos acidentes bastante gravess. É o tafheet, também conhecido como hajwalah, e seu auge de exposição na internet aconteceu pelo ano de 2014.

Como Apareceu o Tafheet ou Hajwalah?

A barreira do idioma e a natureza ilegal do tafheet tornam difícil a tarefa de decifrar sua origem. Uma procura na  Internet, encontra artigos em sites de notícias e no Wikipedia dizendo que a “cena” drifter da Arábia Saudita se começou a formar “no fim da década de 1970” – ou seja, sua origem foi paralela ao drift japonês. Mas esta é uma explicação extremamente vaga.

Vasculhando um pouco mais, encontramos algo mais concreto e convincente num livro publicado em 2014 por Pascal Menoret, antropólogo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que passou quatro anos a investigar de perto o mundo do drift ilegal na Arábia Saudita. Em Joyriding in Riyadh: Oil, Urbanism and Road Revolt (sem edição em português), Menoret afirma que a prática do “drift” no país começou em Riyadh, a capital saudita.

Localizada no coração da Península Árabe, Riyadh era uma cidade de porte médio, com pequenos bairros espalhados pelo seu amplo território. Nos anos 50, porém, com o crescimento da economia vindo da exploração de petróleo, teve início um processo de crescimento que incluiu um projeto de expansão urbana, idealizado pelo recém-coroado rei (ou melhor, shah, ou xá) Saud bin Abdulaziz, que em 1950 começou a desenvolver o distrito residencial real de Annasriyyah, seguido por novos bairros planeados, sempre com rua retas e largas, com cruzamentos dispostos como as casas de um tabuleiro de xadrez, conectadas ao centro da cidade por avenidas pavimentadas de alta velocidade.

O que aconteceu foi um período de acentuado crescimento populacional – entre 1974 e 1992, o aumento da população de Riyadh foi de, em média, 8,2% ao ano. Atualmente, mais de 6 milhões de pessoas vivem na capital da Arábia Saudita. “De repente, apareceram estradas mais largas e muito mais jovens de 18, 19, 21 anos com acesso a carros e espaço para praticar o que conheceríamos mais tarde como drift”, Menoret contou ao site El Arabiya em 2016.

Ao longo dos anos, a moda foi se espalhando para cidades e países vizinhos, mas a capital da Arábia Saudita permaneceu como o grande polo do drift ilegal. Mas porque foi apenas no século 21 que prática ficou conhecida mundialmente? É provável que por uma questão tecnológica: a internet como conhecemos hoje, onde se compartilha tudo o tempo todo para que o mundo inteiro veja instantaneamente, só começou a tomar esta forma na segunda metade da década passada.

Porque eles fazem isto?

Talvez (é preciso entrar no campo da probabilidade aqui, por falta de informações completas) as primeiras filmagens tenham sido feitas para que os jovens envolvidos no hajwalah queriam mostrar suas peripécias para os amigos – os primeiros vídeos publicados no Youtube nos anos 2000 tinham este propósito, porque naquela época as pessoas não tinham tanta noção da capacidade que o material postado na internet tem de se espalhar para todo o planeta.

Foi, então, questão de tempo até que o ocidente encontrasse as filmagens, que se espalharam rapidamente e ajudaram a tornar o “drift árabe” mundialmente famoso. Houve até um clipe da cantora M.I.A., Bad Girls, que foi filmado na Arábia Saudita e dá destaque ao tafheet.

Além do impulso natural de registar e partilhar os seus feitos, o que leva os jovens árabes a ter este tipo de comportamento em vias públicas? Muitos dos que já falaram com a imprensa a respeito dizem que, além de não ser difícil ter carros sufecientemente potentes para o tafheet, um fator que contribuiu para a difusão do “drift árabe” é a falta de opções de entretenimento para os jovens, que acabam atraídos pela adrenalina das exibições ilegais ao volante.

No tafheet, o “piloto” de rua simplesmente puxa o travão de mão para fazer a traseira fugir varias vezes, geralmente a uma velocidade superior a 160 km/h. É comum fazê-lo no meio do trânsito, fazendo "rasas" a outros carros e colocando em risco a integridade física de todos ao redor. No entanto, a maioria das filmagens acontece mesmo em estradas mais desertas do que as vias rápidas de Riyadh, com aglomerações de jovens nos seus carros. Nestas ocasiões, existem algumas manobras que são vistas com mais frequência:

a’geed: rodar o caro 360°

Sefty: rodar o carro 360°, fazer um pequeno powerslide e depois virar para o lado oposto

Tatweef: ultrapassar um ou mais veículo andando de lado em alta velocidade

Axeyat: virar o carro em 180° de um lado para outro, completando um giro completo de 360°

Harakat Alamawt: um powerslide no qual o motorista precisa manter uma linha reta pelo maior tempo possível, até o carro parar por completo, sem acertar nada e sem fazer correções no volante.

Tanteel: fazer pelo menos quatro powerslides conectados a pelo menos 160 km/h. A partir daí, emenda-se com outras manobras, como Ta’geed, Sefty, Tatweef e Axeyat.

 

Alguns praticantes do hajwalah, porém, são ainda mais ousados e realizam manobras que não tem a ver com drift – como andar sobre apenas duas rodas, geralmente com um jipe ou pick-up, usando o volante e o acelerador para equilibrar o carro. Alguns chegam a trocar um dos pneus com o carro em movimento, como se pode ver no vídeo abaixo.

 

Fonte. Flatout.com.br

 

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